Um dos prazeres mais intensos que os dias me dão é o de ir caminhando na companhia de pessoa amiga pela tarde amena e ensolarada, com nuvens brancas a correr pelo céu limpo de Primavera talvez a prometer chuva para o jantar, se possível com o oceano próximo a azular o horizonte. E tal pessoa amiga que seja de boa escola e boa escolha para que a nossa conversa flua serena, esplendorosa e fértil como a tarde. E assim saídos, em andanças de erradio, que a conversa escancare uma a uma as nossas janelas, de modo a caldear as observações do momento com as reminiscências despertadas.
Os anos enchem-nos as arcas da memória com o que ficou dos quotidianos vividos e, quando os anos já são muitos, as arcas deitam por fora. Perambular com amigo dilecto e culto semeia tudo isso na corrente da conversa e depois… depois torna-se imperativo colher em escrito o melhor do acontecido para o fixar passo a passo. Recordações, reflexões, confissões (que reparto por três conjuntos, ou capítulos), em amálgama de tempos e lugares, mas amálgama natural porque se derrama assim como o borbulhar da vida. E aqui, embora a fala ocorra na primeira pessoa do singular, não é a pessoa do narrador que tenta sobressair, é sobretudo o narrado que a assume (à pessoa) como espect-actor presente em peripécias com algum significado.
Outrem poria estas coisas em forma de diário íntimo, ou em páginas de teor memorialístico onde talvez se chorasse do pouco mimo recebido dos próprios fados. A mim, porém, só me trilha um tanto pertencer sem remissão ao tempo que me cabe viver: adolescência e primeira juventude no pós-guerra, algo acenou em promessa na transição dos anos sessenta-setenta, ia nos 44 anos quando o regime do Estado Novo caiu, o PREC foi onda perdida no areal da história e, a partir dos anos oitenta, os paradigmas, atraídos por um norte magnético desnorteante, mudaram de sentido tão avassalador quanto se sabe… Que tempo!
Pois bem, não estando aqui um diário íntimo como o de Amiel, nem uma explanação de especial memorialismo como o de Torga, é contudo possível que desses modelos algo retenha em dispersão na medida em que reflicta uma existência e uma memória através de recordações pessoais, no geral observações e estórias decerto de algum proveito e exemplo. Que o Leitor seja agora o amigo bom a acompanhar as conversas tecidas ao longo destas páginas nos meandros de uma geografia humana em saltitante descrição – eis o voto de quem se dispõe a contar:
- E foi assim…
Os anos enchem-nos as arcas da memória com o que ficou dos quotidianos vividos e, quando os anos já são muitos, as arcas deitam por fora. Perambular com amigo dilecto e culto semeia tudo isso na corrente da conversa e depois… depois torna-se imperativo colher em escrito o melhor do acontecido para o fixar passo a passo. Recordações, reflexões, confissões (que reparto por três conjuntos, ou capítulos), em amálgama de tempos e lugares, mas amálgama natural porque se derrama assim como o borbulhar da vida. E aqui, embora a fala ocorra na primeira pessoa do singular, não é a pessoa do narrador que tenta sobressair, é sobretudo o narrado que a assume (à pessoa) como espect-actor presente em peripécias com algum significado.
Outrem poria estas coisas em forma de diário íntimo, ou em páginas de teor memorialístico onde talvez se chorasse do pouco mimo recebido dos próprios fados. A mim, porém, só me trilha um tanto pertencer sem remissão ao tempo que me cabe viver: adolescência e primeira juventude no pós-guerra, algo acenou em promessa na transição dos anos sessenta-setenta, ia nos 44 anos quando o regime do Estado Novo caiu, o PREC foi onda perdida no areal da história e, a partir dos anos oitenta, os paradigmas, atraídos por um norte magnético desnorteante, mudaram de sentido tão avassalador quanto se sabe… Que tempo!
Pois bem, não estando aqui um diário íntimo como o de Amiel, nem uma explanação de especial memorialismo como o de Torga, é contudo possível que desses modelos algo retenha em dispersão na medida em que reflicta uma existência e uma memória através de recordações pessoais, no geral observações e estórias decerto de algum proveito e exemplo. Que o Leitor seja agora o amigo bom a acompanhar as conversas tecidas ao longo destas páginas nos meandros de uma geografia humana em saltitante descrição – eis o voto de quem se dispõe a contar:
- E foi assim…
7 comentários:
Amigo Arsénio,
Um abraço de toda a Blogosfera
Manel
Muito obrigado, amigo Manel! É bom encontrá-lo à entrada destes outros espaços de comunicação e múltiplas partilhas. É bom e é animador. Abraço retribuído, Ars
Arsénio Mota
Terei todo o gosto de entrar por esta porta, como visita habitual, para devorar, as palavras deliciosas com que o A. Mota nos decidiu brindar.
Meu caro Amigo
Parece-me que vão estar aqui apenas escritas palavras eloquentes e, eu, tua amiga de peito, não nasci nem cresci assim...pelo que só tenho a dizer,neste momento,Bem Hajas (é assim que se escreve, não é?).Será que sabes quem eu sou?
Amiga Anónima das 22:08: Sim, julgo saber, pelo cheiro, quem és! Não concordo é com esse tempero das «palavras eloquentes». Uma amiga do peito como tu tem no peito as palavras mais eloquentes do mundo! E sabe exprimi-las! Logo, também saberá lê-las, mais coisinha menos coisinha. Engano-me? Ars
Seja bem-vindo, caro Alberto, jovem conterrâneo de Bustos, grande animador de um (ou mesmo dos dois!) blogues locais! Agradeço-lhe as palavras simpáticas e amigas. E aceite um abraço cordial, Ars.
DICA A QUEM DELA PRECISAR:
Se quisermos, podemos criar um ícone de atalho no ecrã de entrada para este ou outro blogue. É simples e prático. Basta clicar com o botão direito do rato sobre o blogue, em qualquer parte, e depois seleccionar «Criar atalho» na área de trabalho. Fica feito. Para eliminar o ícone de atalho, clicar sobre ele e seleccionar depois a função «Eliminar». Simples, não é? - Ars
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