quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Ler textos digitais

Lembram-se? Apareceu na última Feira do Livro um stand dedicado exclusivamente a ebooks. Foi a primeira vez, de modo que a novidade ficou assinalada aqui.
Não era para menos. Demonstrava, com a eloquência dos factos, que a edição digital de obras literárias já atingia tamanho que merecia «casa» própria para aparecer no certame dos editores. Cá dentro, tal como além fronteiras, a novidade expandia-se rapidamente enquanto os leitores ainda atulhavam as estantes domésticas de papel impresso e tão rapidamente que nem tempo conseguiam já para o cheirar.
A resistência ao texto virtual está assim a mostrar-se em dissipação. De facto, habituamo-nos cada vez mais a ler nos ecrãs dos nossos computadores e telemóveis. Mudar dos ecrãs para os designados (à inglesa) ereaders  acaba por ser mudança bem mais pequena e fácil do que parecia.
Realmente, as coisas aceleram-se e evoluem bastante mais depressa do que poderíamos supor. A leitura de textos digitais progride no terreno, silenciosa e veloz como jacintos de água na pateira de Fermentelos. Acredita-se que não vai desbancar a circulação do livro impresso mas com certeza irá impor-se, não tarda, de forma concorrencial.
Vantagens óbvias: a edição embaratece a leitura e facilita a circulação dos textos; para os leitores, acresce a dispensa de espaço domésticos (estantes) e uma ágil arrumação. Podem não ser numerosas as obras literárias que se encontram de momento em oferta com formato digital no conjunto global dos textos digitalizados em Português (jornais e revistas, textos diversos). Esse número, porém, irá crescer, acompanhando de algum modo o que se passa na área do Inglês.
Eis porque é de saudar a formação, pela Fundação Gulbenkian, de um grupo que vai estudar durante dois anos o processo da leitura em suporte digital. O sociólogo Gustavo Cardoso, do ISCTE, coordena o grupo constituído por um naipe de entendidos. Pretendem investigar como é que as pessoas lêem e o que muda, para essas pessoas, com a nova tecnologia.

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