domingo, 11 de dezembro de 2011

O sistema do dinheiro

Enquanto a Europa, no período da «guerra fria», se manteve entre dois blocos, o soviético e o americano, viveu posta em sossego beneficiando das políticas que definiram o Estado social. O colapso soviético, desde há vinte anos, deixou o poderio americano a reinar sozinho. Em pleno unilateralismo, a Europa entregou-se então nos braços do poder imperial.
Agora a crise financeira abate-se sobre a União Europeia e a sua moeda única, com ondas de austeridade e recessão, e acumula consequências sociais catastróficas. É uma crise global (euro e dólar), gerada por défices e montanhas de dívidas contraídas por Estados, entidades bancárias e outras, conforme bem se sabe. Declara-se uma questão incrível: as dívidas  aparecem à vista por todos os lados e são gigantescas sem que, aparentemente, haja dinheiro que as pague.
Economistas, comentadores, analistas políticos e etc., articulam dia a dia abordagens as mais diversas sem que o problema realmente se esclareça nas suas bases motivacionais, bases que urge compreender para construirmos uma saída viável. Isso requer, sem dúvida, uma compreensão clara, ainda que sumária, de como funciona o atual sistema do dinheiro. Isto é, porque se afirma que «dinheiro é dívida»; porque precisam os bancos de crescentes massas monetárias; porque nos faz a inflação trabalhar cada vez mais e mais empobrecer...
Os governos, eleitos pelo povo, entregaram a emissão do dinheiro a bancos privados. Alegavam estes que só os banqueiros saberiam manter em ordem a gestão monetária, mas as fraudes e toda a desregulação do setor financeiro em breve demonstraram o contrário. A criação da moeda única europeia (condenada ao fracasso desde sempre!) no seio de uma União desigual e pouco ou nada democrática, depressa mostrou para o que servia.
A criação do euro entendeu-se bem com o FMI, instituição que à evidência sabe vergar um país e afogá-lo em dívidas - agências de rating e especulações da alta finança dão-se as mãos - para o tomar sob tutela e lhe impor austeridade até à entrega total. E acontece a surpresa: a zona euro anuncia um empréstimo de 200 mil milhões ao Fundo Monetário Internacional para que o FMI tenha fundos para emprestar aos países da zona euro em dificuldades... porque o Banco Central Europeu (que rejeita a emissão de dinheiro nem empresta a Estados da zona euro) não pode! Ver «MEE, ditador europeu», video com janela aqui à esquerda, pode valer a pena agora que o Mecanismo Europeu de Estabilidade avança e o novo tratado vem aí.
O caminho de salvação parece óbvio: sacudir o jugo do FMI, eleger governantes capazes de outras políticas, sair da moeda única, restaurar a moeda própria e o sistema produtivo nacional. Lembrando constantemente Thomas Jefferson, terceiro presidente dos Estados Unidos, numa citação de 1802 que, em aviso, sem cessar percorre o mundo: «Acredito que as instituições bancárias são mais perigosas para as nossas liberdades do que o levantamento dos exércitos. Se o povo americano alguma vez permitir que os bancos privados controlem a emissão da sua moeda, primeiro pela inflação e depois pela deflação, os bancos e as empresas que crescerão à roda dos bancos despojarão o povo de toda a propriedade até os nossos filhos acordarem sem abrigo no continente que os seus pais conquistaram.»

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