sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Nudez, verdade exposta

Muito diversos são os visitantes deste sítio e tanto que me deixam admirado. Uns, a maioria, vem ler aqui os novos textos ou navegando em buscas temáticas, outros chegam na pesca de imagens e com elas na linha partem satisfeitos. E todos deixam por cá vestígios da sua passagem.
O sistema regista-os automaticamente, quantificando-os (sem os identificar),  país por país, e designando o que lhes interessou. Logo, os leitores, de alguma maneira, deixam-se «conhecer» e eu de tal não costumo fazer segredo. Posso, portanto, avaliar o que, aqui posto, mais agrada à freguesia.
E vou colhendo surpresas. A crónica intitulada «A rapariga nua», editada em 23 de março passado, teve em cinco meses uma soma de visitantes das mais elevadas. Se a excitação persistir será elevada ao pódio não pelos leitores habituais deste sítio mas por incertos «outros».
Não felicitem o cronista. Compreendam, com ele, a tristura em que fica suspenso, sentindo-se como peça íntima de vestuário posta a secar em corda estendida sobre via pública. Não é agradável ver o nosso trapo a servir de chamariz do que precisamente, escrevendo, nos quisemos afastar.
De facto, o texto exprime claramente uma atitude nada condizente com a dos apreciadores de revistas com páginas repletas de raparigas despidas fotografadas em poses insinuantes. Ao invés, pretende inculcar uma visão despojada de complexos ou de malícias (afinal mórbidas) que rebaixam o corpo feminino à condição de objeto sexual. Propõe em substituição uma atitude iluminada por mentalidade que respeita na mulher o ser humano que é.
Mas o título fala de «rapariga nua». Erro fatal! Há que distinguir nudez e nudez, mas quem procura meninas nuas não está para essas distinções.
Eu teimo em acreditar que um corpo despido assume por isso mesmo muito mais respeitabilidade do que vestido. A pessoa vulgar, perante uma nudez exposta, experimenta desde logo um interdito na medida em que lhe pressinta a inocência. Parece que só reage diferentemente alguém já inclinado para comportamentos reveladores de um qualquer desvio.
Assentemos nisto: um corpo despido, porque aparece indefeso, pede a quem o vê alguma proteção e talvez a mereça. Raparigas vestidas cobrem-se com roupas que, em última análise, as envolvem em artifício. A nudez é a verdade exposta.

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