E entraremos nela de manso, tão devagarinho que pouca atenção suscita? Apenas uns fulanos tidos como lunáticos profetas da desgraça insistem que vem aí a Terceira Grande Guerra, mas não assustam sequer as criancinhas. Porém, de repente, milhões de refugiados (quando não se afogavam) cruzavam o Mediterrâneo e aportavam à Europa do tratado de Schengen e obrigavam o velho continente adormecido a acordar.
Realmente, vendo bem, havia lá longe uns fogos esparsos, a crepitar aqui e ali, onde cheirava a petróleo. Afinal, coisa pouca (apesar de envolver a Arábia Saudita e a Turquia, aliados firmes dos EUA). Até que o papa Francisco, apontando para a Síria, advertiu que a guerra agora estava a fazer-se aos pedaços.
Ninguém sabe nada desta guerra, apenas que já começou, e ainda menos que nada de quanto tempo vai durar e como irá terminar. A Segunda durou uns seis anos (1939-45) e, além das destruições materiais, de inenarráveis sofrimentos, ceifou uns 50 milhões de vidas. Mas pudemos descansar - prometia ser a última!
Todavia, as despesas militares mundiais têm vindo a aumentar desde 1998, atingindo já uns 45% apesar do fim anunciado da guerra fria. Segundo a ong SIPRI, de Estocolmo, a NATO continua no topo da despesa mundial militar, representando dois terços. Apenas 15 países gastam 80% da despesa militar mundial: EUA, China, Reino Unido, França, Rússia, Alemanha e Japão entre os oito restantes. Entretanto Washington anunciou há dias um aumento considerável da presença militar EUA nos países europeus que rodeiam a Rússia, de modo que o orçamento do Pentágono para 2017 vai crescer ainda mais.
Esta rematada loucura de tamanha corrida às armas é sustentada pelos contribuintes de cada país (e, por sinal, num período de acentuado recuo de crescimento económico geral, ou mesmo de estagnação, que parece atravessar o mundo inteiro). Tanta loucura é possível porque se processa sobre uma manta de amorfismo das massas passivas, desligadas da política e da participação cívica, que os lóbis dos fabricantes de armamento, pressionando os governantes, aproveitam. É esse o grande negócio do século XXI, mais apetitoso do que fabricar remédios ou traficar drogas, sexo e etc.
Evidentemente, ninguém deseja a guerra, mas países da Europa já a declaram como “guerra ao terrorismo” (de quem, contra quem?) sem disposição para reconhecerem o problema dos refugiados. Contemos nós os milhões de sírios, a somar aos milhões de palestinianos, afegãos, iraquianos e os tunisinos, líbios e etc. do magrebe que fogem das bombas.
Estamos realmente metidos noutra grande guerra? A Terceira? E onde soam uns sonoros e veementes clamores em defesa da Paz, pelo menos alguns, que não se fazem ouvir?
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