domingo, 24 de junho de 2012

(In)sustentabilidade

Esperava-se um pouco mais que nada da cimeira no Rio de Janeiro que debateu a sustentabilidade. Não houve, portanto, desilusão. Fica apenas a preocupação quanto ao futuro do nosso planeta cada vez mais ameaçado por milhentas loucuras a trepar por solos, mares e ares durante mais dez anos.
A Terra, suporte vital da humanidade e mesmo habitáculo único que podemos ter no inóspito espaço celeste, acumula tantas agressões e desgastes que os sinais de alarme disparam nos mais diversos sentidos. Não é possível continuar por este caminho, é urgente pôr travões a fundo nas quatro rodas, mas os senhores do mundo, à frente de governos e das grandes corporações, limitam-se a discursar e a sorrir para as câmaras.
O planeta precisa de um governo global capaz de responder eficazmente à situação. Mas onde pode estar ele? A ONU, por infelicidade, caiu nas mãos do poder maior e não tem substituição entre quaisquer organizações internacionais existentes de âmbito regional; a NATO, aliança militar que perdura (apesar de ter desaparecido o «perigo comunista» e o Pacto de Varsóvia), agora talvez por causa da «ameaça terrorista», terá vocação para atear conflitos, não para resolver problemas da sustentabilidade planetária.
Todavia, a exploração dos recursos naturais não renováveis atingiu pontos já sem retorno. As delicadas cadeias da biodiversidade entram em ruptura, problemas endémicos como a pobreza (associando fome, miséria, doença) continuam sem paliativo e os conflitos armados  que se renovam por ali e acolá onde cheire a petróleo somam-se às destruições resultantes das catástrofes naturais. O aquecimento, tão discutido e negado por «cientistas», tem retardado o recurso às energias renováveis, mas sendo hoje ponto assente, resta aos  profissionais da opinião esperar com fé de que a Terra se regenere para lhes dar razão.
Vai sendo tarde, irremediavelmente tarde, para muita coisa decisiva. A crise socioeconómica que contagia países e continentes, impondo programas de austeridade e redução dos consumos, atenuará, nos próximos tempos, alguns dos efeitos nefastos da (in)sustentabilidade. Será porém escasso o alívio.
Demonstrada fica a loucura que coloca o planeta inteiro em poder de quem o arrasta às cegas, de orelhas moucas, para o abismo.  É preciso um governo que garanta a sustentabilidade do planeta e onde, e como encontrá-lo? Aflição!

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