sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Aqui há quatro anos

Este blogue completa hoje quatro anos. Apareceu em 27 de janeiro de 2008, proposto como «O Juízo do tempo ~ no tempo do Juízo». A legenda, de jeito um tanto risonho, invocava as sentenças dos velhos almanaques. Mas sobreveio um imprevisto, o tempo mudou num ápice e começou logo ali a declarar-se a crise - política, financeira, económica, social - que levou o cronista-cidadão a virar-se para aquele lado.
Assim, em vez de se estender pelas digressões prazenteiras nas margens do jornalismo e da literatura que o temário pessoal antevia, constituiu-se este blogue também como narrativa de uma crescente deriva, esta incrível deriva de tão trágicas consequências. Terminava o século XX (conforme os atentados do 11 de setembro assinalavam)  e entrávamos, esfregando os olhos, na era do pleno unilateralismo, do novo paradigma (imposto pela alta finança), da desregulação global, da pauperização das classes médias e do empobrecimento geral programado. Relembro: investiu-se então o cronista, a pouco e pouco, do papel de espect-ator conforme os termos arquivados nos dois tomos de E Foi Assim, o primeiro publicado em março e o segundo em setembro de 2011, ambos disponibilizados em formato e-book  (ver «etiquetas»: o tema crise política avulta)...
A experiência obtida com estas publicações resultou de tal forma que à primeira logo se juntaram outras, sempre com ligação (link)  através deste blogue. Teve isto a ver com as alterações surgidas no setor português da edição literária. Foi tomado de golpe pelo grande capital e as dificuldades introduzidas pela crise fizeram o resto.
Os leitores deste blogue encontram no meu escaparate de e-books, atualmente, mais oito títulos. Estão ali, desde março de 2011, quatro livros inéditos ou em nova edição e dois outros títulos (um em parceria, sobre literatura para crianças, e o outro com poemas de autoria anónima), todos registando 3.500 entradas ou mais e cada um com muitos milhares de páginas lidas. Recentemente coloquei ali mais dois inéditos: um pequeno conjunto de contos («o amor em tempo de crise») com ilustrações do pintor Avelino Rocha e, a rematar, este gesto extraordinário: um célebre conto «infantil» de Oscar Wilde, recontado por mim em breve, procura demonstrar ao leitor o que deve entender-se por literatura para crianças.
Vai agora este blogue entrar no quinto ano. Em período tão calamitoso, como irá ele prosseguir?... Que, pelo menos, viva e que, sem grande demora, possam aparecer naquele escaparate, já ilustradas, duas histórias para crianças, inéditas, de minha autoria.

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