domingo, 15 de janeiro de 2012

O poder dos fumadores

Um não dependente da necessidade de fumar dificilmente compreenderá a necessidade do fumador. Começou por ser  induzida (é necessidade imaginária ou irreal, pois, como poderiam os cigarros iniciais interessar ao corpo que  respira?) e depois instala-se. Mas um fumador também mostra quanto lhe custa admitir  nos outros a rejeição ou mesmo a repulsa do seu fumo.
O fumador, de início, nem consegue gostar do cigarro. Continua, porém, até cair, tossindo, na dependência do tabaco. A dependência, como acontece com qualquer outra droga, cresce e torna-se mais e mais exigente até que, por fim, de tanto crescer no indivíduo, se torna insuportável...
É assim que temos, entre os abstémios do tabaco e os fumadores viciados, um conflito azedo sempre em aberto. Opiniões contrapostas ressurgem agora, em altas labaredas, porque os tabagistas serão chamados a cumprir uma regulamentação nova que lhes condicionará o ato de fumar. Parece, então, que os únicos aptos a compreender ambos os lados são os antigos fumadores: têm experiência, já passaram por lá...
Anuncia-se que os fumadores terão de se afastar da entrada de restaurantes e cafés de modo a evitar a poluição dos respetivos interiores.  Terão de sair do umbral da porta e do passeio fronteiro, afastar-se um pouco por muito que lhes custe.  Apoia-se esta nova exigência num estudo recente que aponta para essa e outras mudanças restritivas das liberdades dos tabagistas portugueses.
Fundamentalismo, perseguição, execração pública, ditadura - clamam e reclamam os fumadores. Fechados no seu egoísmo, não percebem que haja alguém que não aprecie o que os deleita - viver dentro da nuvem de fumo até à intoxicação. Espanto e dúvida: como pode incomodar o nariz de uma pessoa o cigarro que levam aceso nos dedos ao caminhar na rua?!
O respirar é, para eles (por enquanto) tão fácil como o olhar: basta abrir as pálpebras ou dar aos foles. Portugal, na sua férrea opinião, não deveria seguir o exemplo da Califórnia, que a União Europeia mostra querer seguir. Mas o poder dos fumadores diminui: talvez em breve, terão que fugir dos locais públicos e procurar uns locais expressamente preparados para esse fim, «salas de chuto» cigarreiro onde serão autorizados a soltar as suas maléficas baforadas... esquecidos de que o «fumar mata»!

2 comentários:

Anónimo disse...

http://fotos.sapo.pt/WrObzzK1riuyCze236FD

O telejornal começava sempre com um maço de cigarros na mesa do locutor|
Abraço, caro Arsénio,
Rui

A. M. disse...

A propaganda, e o consumo, do tabaco, caro amigo, constitui um verdadeiro caso de estudo. Fábricas, agências de publicidade, governos e até o colaboracionismo descarado (denunciado após imensas resistências interesseiras) de «cientistas» pagos para mentir, tudo isso foi envolvido no caso ao preço de imensos sofrimentos e mortes acumulados no correr de muitos anos... São os desaforos (crimes) do capitalismo procurando o lucro a qualquer preço.