sexta-feira, 2 de março de 2012

Diálogo a correr

Isto já não vai lá assim... Assim como? Com papelinhos, eleições, propagandas, comícios, discursatas, partidos eleitos, lideres promovidos, políticas legitimadas. Mas não acredita nas eleições? São o princípio da democracia! Você não é democrata? Sou, claro, convictamente. Da verdadeira democracia, não de um remedeio, um simulacro. E então? Quero a democracia por vir, plenamente restaurada, numa sociedade desperta e livre de gritantes desigualdades. Mas que partido vê você a defender essa sua democracia que esteja em posição de ganhar eleições? Os eleitores não lhe confiariam os votos, é isso? Então concorde comigo: isto já não vai lá assim... Assim como? Por este caminho: eleições e promessas políticas logo esquecidas. Mas não será essa a política-espetáculo o que o povo quer? Ora ora!, quererá mesmo este empobrecimento, sempre mais do mesmo? Pois é, estou a ver, precisamos realmente de políticos e de política a sério que nos tirem do buraco. Então, se os partidos que os eleitores de cabeça formatada podem eleger não nos tiram do buraco em que nos meteram, resolva você: desiste dos partidos que se revesam no poder, ou desiste deste povo que teima em os eleger? Ora, nem uma coisa nem a outra. Os partidos são necessários, a democracia não os dispensa. Esta «democracia»? Não funciona mais para o povo que trabalha e produz, funciona para os banqueiros. Mas o povo é a fonte do poder soberano. Foi! Agora diga-me: sabe porque votou o povo como se viu? Por medo. Conhece pouco e receia muito, vendo-se constantemente atacado e enganado. Mas a comunicação social não pára de manipular a informação, dispensa bem a censura prévia. Sim, é escandalosa tanta lavagem aos cérebros que nem deixa ver o que está à vista. Está à vista o quê? Que o povo, fonte do poder soberano, o deixou fugir, primeiro para as mãos dos seus representantes, os políticos, e a seguir para os sugadouros da alta finança europeia e internacional. Mas tudo isso não foi por um processo democrático? Ora, os políticos pouparam demais o povo ao incómodo de se pronunciar e hoje nem o povo decide nada com real importância nem sequer os políticos arriscam decisões vitais inovadoras, preferem deixar-se levar e juntar-se debaixo do guarda-chuva da Nova Ordem Mundial que tudo governa graças ao poder financeiro exercido por gananciosos especuladores não eleitos. Então... e a democracia? Vai como a vê, de rastos. E o poder soberano do povo? Foi usurpado e tão subtilmente que o povo adormecido mal se apercebe. Então... que fazer? Discutir soluções, discutir uma vez e outra até ao raiar da nova aurora. Bem precisamos dela, dessa nova aurora, metidos neste túnel escuro e sem luz anunciada!

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