Dizemos que nenhum livro admirável consegue ser completamente bom nem que um outro, embora medíocre, irá ser completamente mau. A ideia é que muitos livros diversos ou, idealmente, todos quantos existam resultam bons na medida em que uns aos outros se esclarecem e ajudam. E porque o dito condensa uma verdade demonstrável, tornamos a repeti-lo.
Portanto, uma grande biblioteca constitui um Grande Livro e uma Feira do Livro babélica aproxima-se de uma grande biblioteca em projecto. Venha, portanto, muita Feira! Acontece porém que a segunda cidade do país, este ano, ficou privada do certame tradicional que lhe enchia de animação e de livros a Avenida.
Barafustou a organizadora (a APEL, composta sobretudo pelos editores nacionais, atingidos pelo revés que sofreriam as suas vendas directas ao público, i. e., sem intermediação das livrarias). O município local recusou o aumento de uns milhares de euros e o evento, sem tal apoio, emperrou. Ergueu-se então em protesto contra o município um grupo de novos escritores, com José Luís Peixoto na primeira linha.
Gesto comovente! Eram escritores em voga e já apareciam na Feira de Lisboa em canseirosas sessões de autógrafos, davam entrevistas, conversavam, passeavam, tornavam-se ainda mais populares, percebendo bem o que os editores querem quando lhes dizem que “são os autores que vendem”… Reagiram com elevado critério e dispuseram-se a realizar na cidade do “corte à cultura” uma sessão de autógrafos dos seus últimos livros.
Reacção exemplar! Evidenciou a maravilhosa generosidade do grupo que trabalha para se profissionalizar e viver da escrita literária e que se cansa, gastando os pneus, a percorrer o país, no esforço constante da promoção das suas obras e das suas imagens. São escritores em voga, é certo, mas precisam de não perder a corrida pois sabem que o mercado tem memória fraca e que é vital manter uma vela acesa naquele altar.
Felizmente, abundam as feiras, os convites, os encontros, os eventos culturais, oportunidades a não perder para botar figura. Ora, apesar da crise, a Feira de Lisboa rendeu este ano muito mais do que seria de esperar: as vendas globais troçaram da crise.
O animoso grupo dos novos escritores dispõe-se portanto a prosseguir na elaboração de literatura de consumo (o consumo de papel não vai diminuir!): rimas de livros, grossas lombadas e vistosas capas enfeitadas com o nome-marca do Autor em letras garrafais e prazos de validade como os iugurtes.
Portanto, uma grande biblioteca constitui um Grande Livro e uma Feira do Livro babélica aproxima-se de uma grande biblioteca em projecto. Venha, portanto, muita Feira! Acontece porém que a segunda cidade do país, este ano, ficou privada do certame tradicional que lhe enchia de animação e de livros a Avenida.
Barafustou a organizadora (a APEL, composta sobretudo pelos editores nacionais, atingidos pelo revés que sofreriam as suas vendas directas ao público, i. e., sem intermediação das livrarias). O município local recusou o aumento de uns milhares de euros e o evento, sem tal apoio, emperrou. Ergueu-se então em protesto contra o município um grupo de novos escritores, com José Luís Peixoto na primeira linha.
Gesto comovente! Eram escritores em voga e já apareciam na Feira de Lisboa em canseirosas sessões de autógrafos, davam entrevistas, conversavam, passeavam, tornavam-se ainda mais populares, percebendo bem o que os editores querem quando lhes dizem que “são os autores que vendem”… Reagiram com elevado critério e dispuseram-se a realizar na cidade do “corte à cultura” uma sessão de autógrafos dos seus últimos livros.
Reacção exemplar! Evidenciou a maravilhosa generosidade do grupo que trabalha para se profissionalizar e viver da escrita literária e que se cansa, gastando os pneus, a percorrer o país, no esforço constante da promoção das suas obras e das suas imagens. São escritores em voga, é certo, mas precisam de não perder a corrida pois sabem que o mercado tem memória fraca e que é vital manter uma vela acesa naquele altar.
Felizmente, abundam as feiras, os convites, os encontros, os eventos culturais, oportunidades a não perder para botar figura. Ora, apesar da crise, a Feira de Lisboa rendeu este ano muito mais do que seria de esperar: as vendas globais troçaram da crise.
O animoso grupo dos novos escritores dispõe-se portanto a prosseguir na elaboração de literatura de consumo (o consumo de papel não vai diminuir!): rimas de livros, grossas lombadas e vistosas capas enfeitadas com o nome-marca do Autor em letras garrafais e prazos de validade como os iugurtes.
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