terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Autores vão ter Museu

A novidade surgiu quando já se aprontavam os derrames de luminárias no céu nocturno com música a estrondear nas praças e o ano se extinguia nas doze badaladas. É provável, portanto, que a notícia não tenha produzido ecos. Mas, atenção, o anúncio era retumbante: os Autores vão ter Museu em Lisboa.

spautor.jpgA Sociedade Portuguesa de Autores deu da novidade singela notícia logo que obteve do presidente da Câmara Municipal lisboeta e da sua vereadora de Cultura apoio para o projecto. Não é novo nem recente, mas começa agora a ter pernas para andar. Sem fanfarras e clarins, o projecto fica posto em cima da mesa, encerrando com chave de oiro, para já, o ano 2015.

Criada há 90 anos, a cooperativa de autores (SPA) foi inicialmente constituída por dramaturgos, actores, compositores musicais e intérpretes; depois abrangeu escritores, artistas plásticos, fotógrafos, criativos de publicidade, designers gráficos, etc., à medida que o conceito legal de Autor foi evoluindo. Recolheu, por isso, um vasto espólio que urgia não apenas preservar, também conservar e expor. Faltavam-lhe porém instalações condignas – um Museu.

Segundo pretende a SPA, o Museu do Autor receberá “documentos, obras de arte e outros objectos relacionados com a vida dos autores ao longo de décadas. Acrescenta: O projecto inclui ainda a eventual instalação de uma biblioteca e de um centro de documentação que contribuam para valorizar e fortalecer a memória dos autores e do seu trabalho”. Óbvio: a dimensão das instalações adequadas ao projecto terá que ser proporcionada pela Câmara Municipal de Lisboa.

De facto, a SPA faz questão de recordar que é “depositária de um importante património de obras e documentos que deverá tornar-se acessível à população para valorizar o conceito de criatividade e de riqueza cultural”. Logo, o Museu ficará ao dispor do público graças à cooperação da autarquia lisboeta. Será o primeiro Museu do Autor criado por uma sociedade de gestão colectiva.
O caso faz lembrar outros museus recentes situáveis na mesma área. O Museu de Literatura, no Porto, sumiu-se; teve existência efémera. O do Neo-Realismo, abrangendo expressões como o cinema, artes plásticas, teatro e, naturalmente, a literatura, está aberto em Vila Franca de Xira. Quando irá aparecer em Portugal o Museu da nossa língua materna, o tal que um incêndio consumiu há dias em São Paulo, Brasil?

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