segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Em nome da equidade

Basta ver o ambiente social da Índia para o sentir: a pobreza é «normal» onde a riqueza é «exceção». Portanto, são precisos muitos pobres para que haja um rico, o que não é novidade nenhuma. Muitos autores, portugueses incluídos, tem registado por escrito o facto que é realidade tão óbvia e assente que cabe na sabedoria das nações.
Todavia, no mundo de hoje, o ambiente social da Índia repete-se a esmo, por Ásia, África, América Latina... As riquezas dos povos atingem níveis de concentração tão brutais, fazendo crescer zonas de pobreza e miséria tão extensas que ameaçam a estabilidade dos continentes e mesmo do planeta. Sagaz foi quem previu, no século XX, que o imperialismo seria a fase suprema do sistema capitalista (agora em versão selvagem).
Em causa temos, assim, a equidade. A equidade que se perde e que, por isso mesmo, se impõe resgatar em nome dos valores que consideramos supremos. A equidade que é pedra de toque da justiça, da democracia, da liberdade.
De facto, como estamos a ver, uma delirante concentração da riqueza tem consequências destruidoras de tremenda violência nas sociedades. Agrava até à loucura as desigualdades (nos Estados Unidos superam hoje as de 1930, ano do crash), desigualdades que são a negação viva de tudo quanto afirma esta civilização e esta humanidade que a criou. Entrámos numa guerra implacável em que os estampidos das explosões são os programas de austeridade impostos para travar os défices dos Estados endividados.
Esta guerra ameaça varrer o mundo e fazer recuar o viver dos povos, um a um, às escuridões de outra Idade Média. Às estratégias da alta finança internacional e da ganância desmedida da sua especulação dão os governos espaços de manobra. Na União Europeia, agora com o Mecanismo Europeu de Estabilidade instalado para garantir o pleno domínio dos Estados pelas estratégias especulativas, vai o FMI continuar presente e de bandeira desfraldada.
É suposto que os recursos planetários explorados até ao limite não iriam permitir a prossecução dos modelos socioeconómicos que conhecemos e designamos como consumismo desenfreado. Um novo paradigma de vida tem que ser adoptado pelos povos. Mas não este, imposto, que quer convencer-nos a largar já aqui toda a esperança. Quem vai poder calar massas expropriadas explodindo em fúria?

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