segunda-feira, 16 de novembro de 2015

O petróleo do séc. XXI


Opinião piedosa será a que pretende justificar a televisão e a imprensa ocidentais que se recusam a mostrar imagens das terríveis destruições de pessoas e bens realizadas dia a dia em variados países somente para poupar as populações às cenas de tamanhas violências, tão atrozes sofrimentos. Mas a comunicação social não abdica da sua função por piedade em intenção dos seus públicos, sim por indiferença por quem sofre. O mundo enche-se de horrores entrando na terceira guerra mundial e os públicos esperam que a valsa continue nos salões onde nada mais pode acontecer.
Entretanto, acontecem maravilhas absolutamente extraordinárias que ligeiríssimos reparos merecem. Veja-se: o petróleo, energia fóssil que continua a subordinar as economias mundiais, tem mantido o preço quase pela metade apesar de – eis a primeira maravilha - o seu custo de exploração tenha saltado para cima tanto quanto os furos extractivos caíram para a fundura. Agradados, os consumidores finais só lamentam que o preço do produto no mercado não acompanhe o seu embaratecimento.
Todavia, a exploração do petróleo prossegue em alta, indiferente tanto à quebra dos lucros quanto ao problema gerado pelos combustíveis fósseis no ambiente planetário. Estará a dar prejuízo? Uma ONG anuncia agora que o Fundo Monetário Internacional (FMI) declara que os países industrializados gastam mais em subsídios para combustíveis fósseis do que em saúde - uns dez milhões de dólares por minuto!
Com efeito, os países industrializados já acordaram em subsidiar os países mais pobres com cem mil milhões de dólares por ano, até 2020 – oceanos de dinheiro que, naturalmente, os contribuintes desses países vão pagar. Mas há cientistas que responsabilizam os combustíveis fósseis pelas catástrofes climáticas, prevenindo que estas se agravarão a partir de 2020. Nesta base, os países pobres exigem aumentos sucessivos das contribuições…
Aliás, os países pobres, exportadores de outras matérias-primas importantes que baixaram de preço no mercado internacional tal como o petróleo, ficaram com as suas economias desbaratadas. O mundo inteiro parece ter entrado numa estagnação económica expansiva e crescente, transferida por capilaridade, traduzida em desemprego, pobreza e maior desigualdade social que avassala os povos dos países emergentes e já atinge os industrializados. Venezuela, Irão, Angola e Brasil, nomeadamente, apertam o cinto que, apesar de tudo, para a Arábia Saudita, grande amiga da América, continua largo.
Suprema maravilha estará em concluir que forças poderosíssimas são capazes de assim condenarem o mundo. Não têm nome nem rosto visíveis em público. São um por cento do tal um por cento de que nos fala o Outro – conhecem?

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