Foi há um século: o botânico Nikolai Vavilov concebeu em 1916 a ideia pioneira da biodiversidade natural. Percebeu que as plantas, organismos vegetais da natureza, são diferentes devido à genética e a factores ambientais, mas que até são domesticáveis. A ideia empolgou-o tanto que sonhou poder acabar com a fome no mundo.

Este notável cientista russo bem merece as comemorações do centenário da sua ideia pioneira. Vale a pena conhecer a sua vida e obra e, assim, participar nas homenagens em sua memória. Pelo que fez, Vavilov merece deveras todas as nossas evocações e aplausos.
Foi um viajante incansável e corajoso que percorreu durante dezasseis anos numerosos países, por vezes em guerra, em busca de sementes e conhecimento científico. Aprendeu mesmo quinze idiomas para poder falar directamente com agricultores nos países do globo que visitava. O prestígio internacional que atingia nos anos da Segunda Grande Guerra era indesmentível.
Porém, caiu em desgraça por manobras do seu maior inimigo, Trofim Lisenko (1898-1976), decerto mais político do que cientista e que, por sinal, fora antes promovido por Vavilov. Intrigando, conseguiu que este fosse preso em Agosto de 1940, portanto, nos anos de Estaline, e morreu na prisão de Saratov (Sibéria), em 26-01-1943, com 55 anos, consta que de fome.

Outra camada espessa de humor negro estará talvez na situação actual do mundo, onde milhares e milhares padecem e morrem à míngua de alimentos. Parece piada cínica dirigida ao pioneiro da biodiversidade, sonhador confiante no fim das carências alimentares da humanidade. Valha-nos, pelo menos, a existência do Grande Cofre de Sementes Global de Svalbard, nas montanhas do Árctico, inaugurado em 2008 – falta apenas semear todas essas preciosas sementes e banir de vez os transgénicos!
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