sábado, 16 de julho de 2011
segunda-feira, 11 de julho de 2011
Cânone literário vem aí
Ao que parece, vai finalmente avançar e concretizar-se a elaboração do «cânone literário português». O projeto tem o apoio declarado de meios universitários ligados à docência do Português, ou seja, à formação dos professores do ensino secundário e básico daquela área. Objetivo: definir uma lista das obras referenciais de autores portugueses e estrangeiros para crianças e obras também para jovens e adultos, por escolha o mais possível consensual de especialistas e círculos cultos.
O «cânone» será, pois, uma espécie de «antologia geral» e desde logo não atida apenas aos autores nacionais, entendendo que o nosso país não é estanque pois a cultura portuguesa é, tal como qualquer outra, alfobre fertilizado por trocas com outras variadas culturas. Destina-se a estabelecer um conjunto de textos literários para responder a necessidades do ensino de todos os níveis, do básico ao superior, e ficará sobretudo a valer como espelho da nossa cultura. Poderá resolver muita confusão e polémica, além de objetivar as obras identificadas com mérito reconhecido para, em tradução, merecerem divulgação além-fronteiras.
Na área da literatura para crianças, a elaboração do «cânone literário português» evoca de certo modo, enquanto mero embrião, o lugar do PNL (Plano Nacional de Leitura). Trata-se de listar as obras que um grupo de apreciadores propõe para animar a campanha oficial da promoção da literacia sob a divisa Ler+. Caso o primeiro projeto, do «cânone», se concretize, o PNL poderá perder o seu lugar.
Encaro com expectativa esta evolução. É preciso proceder à recuperação de autores e obras portuguesas ou em português que os frenesins de uma indústria cultural e uma política educativa cegueta, em conjunção, condenam ao limbo. Apareça, pois, e implante-se no país um elemento de clivagem formado por valores marcantes e por noções firmes do que é arte literária para que esta se demarque do que não passe de medíocre comércio literário.
A Literatura é, consabidamente, uma arte exigente e difícil. Quem com ela vive em prática longa e amorosa só pode desconfiar ou maravilhar-se com as mil e tal novas edições de livros que em avalancha mensal se repetem neste pequeno rectângulo em crise. Irrompem batalhões de novos autores, multiplicam-se as editoras, reduzem-se drasticamente as tiragens, circulam edições pagas pelos autores (mas exibindo chancela tapa-olhos) e o delírio vai em frente.
Montes de livros espalham-se por supermercados, estações de correios, barracas de saldos, feiras em tropel. Rimas de romances envelhecem num instante, edições para leitores infantis ou juvenis enchem catálogos e armazéns de tantíssimas editoras que não querem perder o mercado... E quem lembra agora que a literatura para crianças é sem dúvida, porque tem de ser, a mais espinhosa e difícil?
Mas agora me lembro de um editor que há dez anos repetia: «quem vende os livros são os autores». Tinha razão: os autores, novos ou menos novos, palmilham o terreno metro a metro na promoção das suas obras porque não vêem outra saída. Obras essas, não por acaso, ilustradas com bonecadas giríssimas e historinhas cada vez mais alinhadas pelo levezinho-engraçadinho, isto é, concorrendo para o facilzinho que é o que mais está a dar.
segunda-feira, 4 de julho de 2011
Pois, sem diplomas!
Cuidar da imagem não é só ter carrinho de boa marca para que saibam quem somos ou deixar cair sobre a testa uns cabelos displicentes. É bastante mais do que isso, toda a gente que se preze o sabe falando, com língua de pau, «à política». Mas que fazer, se há sempre alguém extraviado como se andasse neste mundo sem querer a sério fazer parte dele.
Contra mim falo assim falando. Fui capaz de publicar aqui umas linhas parece que inesperadas ou estranhas e mesmo algo escandalosas, numa crónica que escrevi à sombra no Verão do ano passado e que desde então é visitada regularmente por leitores não sei se curiosos ou incrédulos. O caso está todo na página «Sem diplomas».
Mas devo explicar que os bloguistas têm, se quiserem, informação sumária de alguns índices estatísticos deixados pelos seus visitantes. Nada de especial, é claro. Todavia, esse recurso indica-me como aquela página continua a ser frequentada.
O pormenor é-me grato e, no entanto, pergunto-me o que haverá ali de especial (inquietante?). Fui lá agora reler o escrito e... Ouvi então, sussurrada por cima do ombro, uma advertência singular: «Foste descarado, ficaste na rua sem cara».
Engoli em seco e quedei-me na dúvida. Enrodilhados como andamos nas subversões correntes (pela regra: centra a tua vida no triunfo pessoal), teremos já coragem para achar escandaloso, portanto descarado, quem afirma um simples elemento factual do seu percurso biográfico? A emoção parece vir da frase: «estar na literatura, tal como estar no jornalismo, requeriam tão só, no 'meu tempo', saber de experiência feito.»
Hoje, consabidamente, não é assim. Mas já foi conforme digo: os autores literários e os jornalistas afirmavam, praticando, as suas capacidades pessoais, pois naquele tempo não tínhamos cursos que a tal habilitassem. Fiquei, pois, sem diplomas por muitos anos, embora tenha e possa mostrar um monte de papéis luxuriosos.
Por todos os motivos, aquele tempo é inesquecível para quem o viveu. Os cursos de Letras existentes não serviam então para formar escritores, formavam professores. Os autores literários portugueses da época podiam ter cursado Letras - casos de José Régio, Vergílio Ferreira entre tantos outros - mas isso devia-se à simples coincidência de a formação profissional adquirida coincidir com a vocação.
Uma quantidade de escritores dos maiores do século XX tornaram-se admiráveis sem qualquer curso específico. Eram engenheiros, como Jorge de Sena, ou médicos, como Fernando Namora, Bernardo Santareno ou Miguel Torga, ou, noutros casos, não tinham sequer chegado à Universidade. A preparação atinente à sua vocação obtinham-na por via autodidática, isto é, lendo e escrevendo, logo, mostrando o que valiam e fazendo-se estimar por isso.
As licenciaturas (sobretudo as de feição tecnológica!) tornaram-se tão vulgares que pode resultar chocante que um autor literário travestido de jornalista veterano (ou a inversa?) se declare sem uma pelo menos, para disfarçar. Mas, cá por coisas, eu ando a preferir ler ou reler os autores de há mais de trinta anos e a sentir quanto ganho com isso. Convém lembrar, ninguém perguntou a José Saramago nobelizado que escolarização tinha, perguntaram-lhe, sim, como iria ele usar o dinheiro recebido do prémio...
Engoli em seco e quedei-me na dúvida. Enrodilhados como andamos nas subversões correntes (pela regra: centra a tua vida no triunfo pessoal), teremos já coragem para achar escandaloso, portanto descarado, quem afirma um simples elemento factual do seu percurso biográfico? A emoção parece vir da frase: «estar na literatura, tal como estar no jornalismo, requeriam tão só, no 'meu tempo', saber de experiência feito.»
Hoje, consabidamente, não é assim. Mas já foi conforme digo: os autores literários e os jornalistas afirmavam, praticando, as suas capacidades pessoais, pois naquele tempo não tínhamos cursos que a tal habilitassem. Fiquei, pois, sem diplomas por muitos anos, embora tenha e possa mostrar um monte de papéis luxuriosos.
Por todos os motivos, aquele tempo é inesquecível para quem o viveu. Os cursos de Letras existentes não serviam então para formar escritores, formavam professores. Os autores literários portugueses da época podiam ter cursado Letras - casos de José Régio, Vergílio Ferreira entre tantos outros - mas isso devia-se à simples coincidência de a formação profissional adquirida coincidir com a vocação.
Uma quantidade de escritores dos maiores do século XX tornaram-se admiráveis sem qualquer curso específico. Eram engenheiros, como Jorge de Sena, ou médicos, como Fernando Namora, Bernardo Santareno ou Miguel Torga, ou, noutros casos, não tinham sequer chegado à Universidade. A preparação atinente à sua vocação obtinham-na por via autodidática, isto é, lendo e escrevendo, logo, mostrando o que valiam e fazendo-se estimar por isso.
As licenciaturas (sobretudo as de feição tecnológica!) tornaram-se tão vulgares que pode resultar chocante que um autor literário travestido de jornalista veterano (ou a inversa?) se declare sem uma pelo menos, para disfarçar. Mas, cá por coisas, eu ando a preferir ler ou reler os autores de há mais de trinta anos e a sentir quanto ganho com isso. Convém lembrar, ninguém perguntou a José Saramago nobelizado que escolarização tinha, perguntaram-lhe, sim, como iria ele usar o dinheiro recebido do prémio...
terça-feira, 28 de junho de 2011
Séc. XX literário em balanço
A literatura visível, que enche o olho, é hoje a que circula com a chancela das maiores editoras. A crítica e a teoria literária passaram também por um processo de centrifugação e ficaram concentradas nos claustros académicos. As mudanças substanciais geradas por estes movimentos ficaram assim a reclamar ponderação e estudo à altura da multiplicidade das suas implicações socioculturais.
Esse estudo parece que tarda mas, para já, eis um valioso contributo apontado nesse sentido: um balanço do século XX literário. Surge com o nº 1 da «Revista de Estudos Literários» publicada pelo Centro de Literatura Portuguesa da Universidade de Coimbra. O volume inaugural, com mais de 450 pp, aparece dedicado ao tema «Os estudos literários em Portugal no Século XX».
De facto, é na segunda metade deste século português que se agudiza entre nós «a crise que afecta as Humanidades no seu todo» (in José Augusto Cardoso Bernardes, diretor da nova revista, na Apresentação), e logo, também, crise da teoria da Literatura. Assim veio a definhar uma interdisciplinaridade natural dos estudos literários à medida que foi assentando em áreas de crescente especialização e se acompanhou, nos meios académicos, pela influência expansiva do textualismo de pendor estruturalista. Felizmente, o diretor desta revista afirma querer implantar «práticas novas» sem, todavia, enjeitar «a tradição».
A secção temática do volume, em cerca de 200 pp, contém sete estudos por Rosa Maria Goulart, Carlos M. F. da Cunha, Helena Carvalhão Buescu, António Apolinário Lourenço, F. J. Vieira Pimentel, Gustavo Rubim e Ricardo Namora. Abordam, sucessivamente, os dicionários de literatura; as historiografias literárias positivista e posterior; o cânone literário e o ensino; F. Pessoa e a crítica em «A Águia»; a crítica do grupo presencista; o contemporâneo triunfante e a afirmação nacional e, por fim, os impasses atuais da teorização.
A secção seguinte, Vária, reúne estudos de Ofélia Paiva Monteiro, Burghard Baltrusch, Irene Fialho, Ana Luísa Amaral e Paulo Meneses, abordando Garrett e o romantismo; O Banqueiro Anarquista de Pessoa; o Fradique Mendes, de Eça; mundo e poética; e, em Arquivo, evocação de textos de José G. Herculano de Carvalho sobre criação poética. Mas, no primeiro nº desta revista (anual, já com o nº 3 em preparação) ainda não é tudo. Duas outras leituras, pelo menos, parecem situáveis na órbita do tema em foco: umas arejadas «reflexões sobre a crise» de Pires Laranjeira, visão aprofundada da situação em que se encontram, sobretudo a nível universitário, as literaturas lusófonas e seu estudo; e um texto, por António Sousa Ribeiro, que retoma o «discurso da crise«, sobre Humanidades e Universidade no século XXI.
Estes dois estudos colocam-se de algum modo no fulcro essencial da questão, pois avaliam, cada um pelos seus próprios meios, o futuro da nossa língua no mundo e o papel que pode desempenhar nesse futuro uma Universidade atenta à criteriosa renovação da herança humanística. São desafios incontornáveis. Para que a Universidade não se perca de si própria, antes reassuma prestígio e fulgurância vivificadoras, lute empenhadamente pelo restauro de uma política que reponha a «cultura» das Humanidades no seu lugar matricial. [Imagem: pintura Leda e o Cisne. Museu de Miami Beach.]
segunda-feira, 20 de junho de 2011
A Literatura que temos
Descer a avenida até à Praça da Liberdade pelo interior dos stands da Feira do Livro, olhando à esquerda e à direita, dava-nos, quero crer, uma visão panorâmica do que se vai publicando e lendo em Portugal, atualmente. Mas falhou-me a coragem para tanto. Fiquei, de lado, a ver as pessoas a entrar e a sair do certame enquanto, na sala escura do cérebro, punha a correr um filme mudo.
Terminada há dias, a Feira do Livro decalcou as anteriores sem desvio de monta (apenas uma relativa novidade sobressaiu: os livros digitais, os designados ebooks). Mesmo sem andar por lá, um amigo dos livros pode perceber as estratégias dos três ou quatro grandes grupos editoriais com importância suficiente para preencherem, quase «colonizarem», o espaço. E facilmente conclui que os leitores em geral vão consumindo sem resmungo o que os grandes editores lhes dão a ler.
Ora isto repõe em cima da mesa o quadro cultural apresentado pelas mutações da realidade sociológica do país, aí onde se entrecruzam questões de incontroversa relevância. Perguntaremos então como funciona o ensino da Literatura em todos os níveis da escolaridade, do básico ao superior, para estimar de relance os seus resultados. Apurando a questão, chegaremos por fim a questionar o processo da formação do gosto literário; o que é, para o público letrado, que lê livros, a Literatura modelar, paradigmática.
De facto, sendo hábito desejável a leitura, ainda mais desejável é que se apoie e decante, sem perda de vigor crítico, no gosto formado pelo leitor capaz de admirar as obras primas literárias de autores portugueses e de todo o mundo. Este requisito, no entanto, torna-se incontornável nos casos em que o leitor também se encarrega de ensinar outros a ler em qualquer escola depois de ter obtido a necessária preparação. O gosto literário predominante aparecerá naturalmente em resultado da soma final das diversas componentes envolvidas.
O tema é aqui tocado de fugida para notar a escassa atenção que vem tendo em Portugal, e isso é lamentável tanto mais que no Brasil não falta quem dele se ocupe. Registo apenas dois ensaios de Carlos Ceia, professor da FCSH da UNL e formador de professores de Português e Inglês: A Literatura Ensina-se? Estudos de teoria literária, Lisboa, 1999, 2ª ed., 2004, e O Que é Ser Professor de Literatura, Lisboa, 2002 (edições Colibri). Basta-me pegar aqui no primeiro título para iluminar a questão quanto basta.
A reflexão teórico-prática de Carlos Ceia não tem tradição entre nós. Lembra o autor, a abrir, que a teoria da literatura surge por cá no início dos anos '50, para logo a seguir afirmar, talhantemente: «O ensino oficial da literatura em Portugal não tem presente nem futuro, enquanto depender de programadores de vistas limitadas para o papel que cabe à teoria na aquisição de uma competência crítica na abordagem dos textos literários.»
O mesmo autor percorre em A Literatura Ensina-se? um temário conexo (relações ideologia e textualidade, intenções do autor vs soberania do leitor, a crítica profissional, funções da didática, ou pedagogia, da literatura com a formação do gosto, etc.), visando a constituição do «cânone literário português» após Fernando Pessoa para servir a comunidade escolar nacional. Talvez tudo isto nos ajude a entender a Literatura que temos...
Nota: A Carlos Ceia se deve um «Dicionário de Termos Literários», por vários autores, disponível em http://www.fcsh.unl.pt/edtl
De facto, sendo hábito desejável a leitura, ainda mais desejável é que se apoie e decante, sem perda de vigor crítico, no gosto formado pelo leitor capaz de admirar as obras primas literárias de autores portugueses e de todo o mundo. Este requisito, no entanto, torna-se incontornável nos casos em que o leitor também se encarrega de ensinar outros a ler em qualquer escola depois de ter obtido a necessária preparação. O gosto literário predominante aparecerá naturalmente em resultado da soma final das diversas componentes envolvidas.
O tema é aqui tocado de fugida para notar a escassa atenção que vem tendo em Portugal, e isso é lamentável tanto mais que no Brasil não falta quem dele se ocupe. Registo apenas dois ensaios de Carlos Ceia, professor da FCSH da UNL e formador de professores de Português e Inglês: A Literatura Ensina-se? Estudos de teoria literária, Lisboa, 1999, 2ª ed., 2004, e O Que é Ser Professor de Literatura, Lisboa, 2002 (edições Colibri). Basta-me pegar aqui no primeiro título para iluminar a questão quanto basta.
A reflexão teórico-prática de Carlos Ceia não tem tradição entre nós. Lembra o autor, a abrir, que a teoria da literatura surge por cá no início dos anos '50, para logo a seguir afirmar, talhantemente: «O ensino oficial da literatura em Portugal não tem presente nem futuro, enquanto depender de programadores de vistas limitadas para o papel que cabe à teoria na aquisição de uma competência crítica na abordagem dos textos literários.»
O mesmo autor percorre em A Literatura Ensina-se? um temário conexo (relações ideologia e textualidade, intenções do autor vs soberania do leitor, a crítica profissional, funções da didática, ou pedagogia, da literatura com a formação do gosto, etc.), visando a constituição do «cânone literário português» após Fernando Pessoa para servir a comunidade escolar nacional. Talvez tudo isto nos ajude a entender a Literatura que temos...
Nota: A Carlos Ceia se deve um «Dicionário de Termos Literários», por vários autores, disponível em http://www.fcsh.unl.pt/edtl
terça-feira, 7 de junho de 2011
Estamos entregues
Umas eleições não servem para dar razão ao candidato vencedor, servem para o legitimar - lembrou quem as perdia ao assumir a derrota. É bem verdade. E assim, em notória viragem para a direita, se extinguiu uma antiga maioria sociológica dita de esquerda que persistia no quadro português.
Desviando os seus votos do PS e do BE, os eleitores impuseram que o sistema democrático entrasse ao serviço de fins pouco ou nada democráticos mas agora legitimados. Elegendo dois partidos neoliberais-conservadores e dando-lhes maioria absoluta, os eleitores aceitaram formalmente a tutela da troika externa, deixando a sucumbir a soberania nacional. Repetiu-se a história: amedrontados (o desemprego, as crescentes dificuldades de vida, a propaganda da «crise»), os eleitores preferiram meter o lobo na capoeira para esconder o medo.
Surpresa? Nenhuma. A situação dramática em que o país foi colocado pela governação dos dois partidos principais (o «centrão») que se revezaram no poder ao longo dos últimos trinta anos não augurava outra coisa, nem melhor.
Entramos agora num período completamente diverso. Entregues à «ajuda» do FMI e associados europeus, os portugueses enveredaram por um caminho que não se sabe onde nem quando irá acabar. Garantida temos a austeridade, vulgo «apertar o cinto» até ao derradeiro furo, isto é, a recessão com todo o seu cortejo de consequências: paralisia do aparelho produtivo, pobreza e miséria em expansão.
Elegendo a triste submissão de corda ao pescoço, a maioria dos votantes entregou o país à ganância da alta finança internacional. Dela não sairá sem grandes sofrimentos e demoras, pois não restam dúvidas, o país encontra-se mesmo num período dos mais dramáticos da sua história.
Mas arguir a alta finança internacional é praticar, ainda hoje, linguagem gestual perante normais ouvintes. Não entendem como funciona na realidade o nosso sistema financeiro, o dito «mercado», de maneira que o capitalismo de vanguarda desenvolve uma estratégia de acumulação da riqueza de modelo que escapa à percepção comum (apesar da divulgação na Net de esclarecimentos, avisos, prevenções, alguns dos quais em links indicados nestas crónicas). Valendo-se da fraca regulação existente, que até permite os escandalosos «paraísos fiscais», a alta finança pressiona e verga os governos através dos bancos dos países mais a jeito (de economia deprimida), e prende-os na espiral do endividamento para sugar em proveito próprio as riquezas de cada Estado.
Os países que já estão de corda ao pescoço vão mostrar, aos que cairão a seguir como peças de dominó, até que ponto acertam e dizem a verdade uns senhores que anunciam a prazo uma hecatombe global. A dinâmica capitalista de vanguarda, apostada na especulação financeira (nessa especulação altamente lucrativa se especializou), percorre o mundo, e, conforme alguém prevê, promete instalar um novo feudalismo invasor que transformará os povos - os «servos da gleba» de antanho - nuns «servos do Estado». [Foto de recente manif em Lisboa; autor desconhecido. Clique para ampliar.]
Elegendo a triste submissão de corda ao pescoço, a maioria dos votantes entregou o país à ganância da alta finança internacional. Dela não sairá sem grandes sofrimentos e demoras, pois não restam dúvidas, o país encontra-se mesmo num período dos mais dramáticos da sua história.
Mas arguir a alta finança internacional é praticar, ainda hoje, linguagem gestual perante normais ouvintes. Não entendem como funciona na realidade o nosso sistema financeiro, o dito «mercado», de maneira que o capitalismo de vanguarda desenvolve uma estratégia de acumulação da riqueza de modelo que escapa à percepção comum (apesar da divulgação na Net de esclarecimentos, avisos, prevenções, alguns dos quais em links indicados nestas crónicas). Valendo-se da fraca regulação existente, que até permite os escandalosos «paraísos fiscais», a alta finança pressiona e verga os governos através dos bancos dos países mais a jeito (de economia deprimida), e prende-os na espiral do endividamento para sugar em proveito próprio as riquezas de cada Estado.
Os países que já estão de corda ao pescoço vão mostrar, aos que cairão a seguir como peças de dominó, até que ponto acertam e dizem a verdade uns senhores que anunciam a prazo uma hecatombe global. A dinâmica capitalista de vanguarda, apostada na especulação financeira (nessa especulação altamente lucrativa se especializou), percorre o mundo, e, conforme alguém prevê, promete instalar um novo feudalismo invasor que transformará os povos - os «servos da gleba» de antanho - nuns «servos do Estado». [Foto de recente manif em Lisboa; autor desconhecido. Clique para ampliar.]
quarta-feira, 1 de junho de 2011
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