Cada sítio e, em cada sítio, cada recanto exercem por vezes uma atracção de índole algo mágica. Sente essa atracção quem, habitando, humanizou longamente o mesmo sítio ou quem ali se deteve de olhar desperto pelo deslumbramento da luz perfeita que faz renascer as coisas. Assim ficamos a amar certos sítios como se neles houvéssemos deixado uma parte inesquecível das nossas vidas e neles quiséssemos ficar a morar para sempre.
A pintura de paisagens parece responder de algum modo à sedução que cada artista sente em recônditos onde, como habitante sensível, o artista capte o espírito do lugar ainda que por ali esteja de passagem. Mas fica de coração impregnado por aquela especial atmosfera, a densidade entrevista do seu mistério.
Muitas são as cidades e povoações cujos motivos paisagísticos os pintores pintam incansavelmente. A minha cidade também os tem. Nos seus quadros, ao longo do tempo longo, os pintores repetem os motivos sempre reconhecíveis – a beira-rio, a ponte, o casario da parte velha da cidade, a zona ribeirinha que sobe pelo morro até à Sé, no topo, debruada por uma fila de laranjeiras com frutos a luzir ao sol – ao ponto de nos porem, duvidosos, a querer saber se não terão sido outros os motivos para os pintar.
Podemos ver em sucessivas exposições esses quadros assinados por variados artistas, neles percebendo as revelações que cada quadro lhes proporcionou. São paisagens em que quem as pintou se dissolveu no seu motivo para ali ficar a morar para sempre. A sugerir com máxima eloquência que se é artista na medida em que se ama cada motivo, pois cada motivo, como cada revelação, é momento único, irrepetível.
As pinturas mais admiradas fazem-nos sentir a emoção plasmada no motivo pintado entre exaltação, solidão ou alguma melancolia. Está ali também a revelar-se uma alma que teima em resistir aos desgastes do tempo. O espírito de cada lugar, agora no quadro, parece interrogar-nos tal como interrogou quem assim se deteve a pintá-lo.
Acabamos a remoer o velho tema: por que motivo há-de uma pessoa pegar nos pincéis e representar na tela imagens da realidade visual próxima que todos conhecemos? Por que motivo queremos essas paisagens familiares presentes nas nossas casas? É estranho, sem dúvida. Mas dilucidar esta questão equivaleria a explicar o inexplicável: de onde vem a arte? [Imagem: pintura, parcial, de Teixeira da Mota.]
A pintura de paisagens parece responder de algum modo à sedução que cada artista sente em recônditos onde, como habitante sensível, o artista capte o espírito do lugar ainda que por ali esteja de passagem. Mas fica de coração impregnado por aquela especial atmosfera, a densidade entrevista do seu mistério.
Muitas são as cidades e povoações cujos motivos paisagísticos os pintores pintam incansavelmente. A minha cidade também os tem. Nos seus quadros, ao longo do tempo longo, os pintores repetem os motivos sempre reconhecíveis – a beira-rio, a ponte, o casario da parte velha da cidade, a zona ribeirinha que sobe pelo morro até à Sé, no topo, debruada por uma fila de laranjeiras com frutos a luzir ao sol – ao ponto de nos porem, duvidosos, a querer saber se não terão sido outros os motivos para os pintar.
Podemos ver em sucessivas exposições esses quadros assinados por variados artistas, neles percebendo as revelações que cada quadro lhes proporcionou. São paisagens em que quem as pintou se dissolveu no seu motivo para ali ficar a morar para sempre. A sugerir com máxima eloquência que se é artista na medida em que se ama cada motivo, pois cada motivo, como cada revelação, é momento único, irrepetível.
As pinturas mais admiradas fazem-nos sentir a emoção plasmada no motivo pintado entre exaltação, solidão ou alguma melancolia. Está ali também a revelar-se uma alma que teima em resistir aos desgastes do tempo. O espírito de cada lugar, agora no quadro, parece interrogar-nos tal como interrogou quem assim se deteve a pintá-lo.
Acabamos a remoer o velho tema: por que motivo há-de uma pessoa pegar nos pincéis e representar na tela imagens da realidade visual próxima que todos conhecemos? Por que motivo queremos essas paisagens familiares presentes nas nossas casas? É estranho, sem dúvida. Mas dilucidar esta questão equivaleria a explicar o inexplicável: de onde vem a arte? [Imagem: pintura, parcial, de Teixeira da Mota.]
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